"O grande responsável pela situação de desequilíbrio ambiental que se vive no planeta é o Homem. É o único animal existente à face da Terra capaz de destruir o que a natureza levou milhões de anos a construir"





quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bellardia trixago (L.) All.


Flor-de-ouro
 A Bellardia trixago é uma planta herbácea de ciclo vegetativo anual, nativa da região do mediterrâneo mas que se distribui por outras partes do mundo com climas semelhantes.

Em Portugal é frequente não só ao longo dos sistemas dunares interiores mas também em praticamente todo o restante território, excetuando as terras mais altas do interior.

De abril a julho podemos encontrá-la na beira dos caminhos, em outeiros secos, terrenos incultos ou pinhais e até mesmo em relvados húmidos o que demonstra uma adaptação a habitats de características diferentes que contribui para o seu desenvolvimento e expansão das suas colónias. Apesar de muito bonita a Bellardia trixago é uma planta infestante. Esta espécie é parasita ou melhor, hemiparasita na medida em que extrai nutrientes de outras plantas através de órgãos subterrâneos, sem no entanto deles depender exclusivamente pois possui clorofila.

Recentemente a Bellardia trixago foi reclassificada, tendo sido transferida da família das Scrophulariaceae para a família das Orobanchaceae a qual compreende mais de 2000 espécies, divididas em cerca de 90 géneros. Esta família é tremendamente importante em termos económicos pois é composta quase exclusivamente por espécies parasitas ou semiparasitas que provocam grandes prejuízos nas culturas agrícolas. Um exemplo já aqui apontado neste blog é o género Orobanche (ver post Orobanche foetida – 19 fevereiro 2011).
A Bellardia trixago que se encontra nesta região do litoral oeste é uma planta relativamente baixa, com cerca de 10 a 45 cm de altura. O caule é ereto e rígido, raramente ramificado.

As folhas, de cor verde vivo, não têm pecíolo, são estreitas, com margens fortemente dentadas e colocam-se de forma oposta e cruzada até meio do caule, ficando a parte superior ocupada pela inflorescência de aspeto robusto e viscoso, a qual termina em bico.Tanto o caule como as folhas estão cobertos de pelos tectores que, entre outras funções, reduzem a perda de água por transpiração e diminuem a incidência luminosa e ainda por pelos glandulosos que segregam substâncias aromáticas para atrair polinizadores.

As flores são claramente simétricas, com dois lábios bem definidos. O lábio inferior, trilobado e de cor branca, é mais comprido que o superior que é bilobado e de cor rosa escuro. As flores encontram-se reunidas em cachos em forma de espiga quadrangular e de floração compacta.

Esta inflorescência apresenta camadas de brácteas densamente cobertas de pelos que lhe dão um aspeto viscoso e um tanto ou quanto brilhante. As brácteas vão-se tornando mais estreitas em direção ao topo e de entre elas  emergem as flores que são muito vistosas.
Na nossa região as Bellardia trixago apresentam as flores quase sempre brancas e rosadas, no entanto esta mesma espécie pode apresentar as flores de cor amarela, daí a provável origem do nome comum flor-de-ouro pelo qual esta planta é conhecida. As plantas desta espécie, quer sejam as de cor amarela quer as de flor branca e rosada apresentam exactamente as mesmas características pelo que a variedade amarela não deve ser confundida com a espécie de aspeto semelhante Parentucellia viscosa que também ocorre em Portugal.

A polinização é feita por insetos ou pelas aves.

O fruto é uma cápsula ovóide, muito peluda e com muitas sementes de forma elíptica.
Fotos - Arribas da Praia do Caniçal/Lourinhã


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